Muitos alunos me perguntam se é possível de fato chegar ao colar vermelho do pé descalço. Alguns por insegurança, outros por terem dificuldades, outros por causa da idade, mais alguns por causa do biotipo e a lista de razões não acaba. A primeira coisa que me vem à cabeça sempre é: “se eu consegui, qualquer um consegue”. A real pergunta que a pessoa tem que se fazer é: “Eu realmente quero o colar vermelho?”.
A cada dia que passa eu acredito mais que querer está atrelado a fazer. De forma bem curta e grossa, quem quer, faz acontecer. Naturalmente existe uma série fatores que são fundamentais para chegar ao “fim” dessa caminhada e como tudo na vida exige sacrifícios e dedicação, e para uns os obstáculos são mais pesados que pra outros. Mas a resposta segue sendo, sim é possível.
Agora nos resta analisar quais os pontos mais importantes e aquilo que não pode faltar para que você consiga dançar no meio da roda e ouvir o seu nome na lista de aprovados ao final do dia.
Filosofia Pé descalço
A primeira coisa a se ter em mente é que seu objetivo é bem específico. Não estamos procurando apenas melhorar a dança (para isto leia:6 Dicas Rápidas Para Aprender A Dançar E Acelerar Sua Evolução Na Dança). Estamos querendo atingir um nível específico de uma escola específica. Nada mais lógico do que voltarmos nossa atenção às preocupações que a escola tem, ao que a escola prega e mais do que apenas observar este universo é você estar aberto a deixar que as premissas da filosofia gerem em você mudanças significativas.
Não deixe de ler o texto: Da Humildade à Paixão! Os 5 Passos da Filosofia Pé Descalço
A cada etapa do processo pessoas que desistem da caminhada, só o fazem por estarem desconectados com os 5 passos do processo (Humildade, Despertar, Vontade, Seriedade, Paixão). Ao se fechar para a filosofia o aluno permite que as frustrações, parte natural de qualquer processo, falem mais alto do que tudo o que já foi conquistado. E acaba sendo mais uma vítima desta geração que quer tudo e que agora. Pra isso não podemos perder de vista nossos grandes aliados discutidos a seguir.
Paciência
Infelizmente, o mundo atual nos convida diariamente ao imediatismo, nós queremos muitas coisas e não queremos esperar. Ao mesmo tempo sabemos que a qualidade de qualquer atividade que executamos melhora cada vez mais com tempo e experiência. Com o forró não seria diferente. Cada parte do processo deve ser bem executada antes cedo do que tarde. Tudo que foi ignorado no começo será cobrado no final, portanto a paciência começa deste as primeiras aulas. A sede de subir de nível pode ser extremamente prejudicial se mal interpretada.
É preciso ter paciência com seu próprio corpo, não exigir de si mesmo mais do que as suas próprias condições te permitem a cada etapa do processo. Temos que trazer para a realidade e balancear a nossa vontade de evoluir com as nossas limitações. Limitações são momentâneas e exigem dedicação para serem superadas, por isso não basta ter o desejo de ser bom, é preciso ter calma e não exigir de si mesmo resultados imediatos. Quando atingimos este nível de paciência viramos o jogo e ao invés de esperar pela evolução somos periodicamente surpreendidos por nós mesmos. Cada nova habilidade desenvolvida se torna um presente e uma alegria. E começamos a desfrutar de cada pequena vitória ao longo do caminho.
É crucial a compreensão que os níveis dentro da escola não tem o objetivo de segregar os alunos em quem é bom e quem é ruim. É apenas uma forma de alocar cada aluno na aula que contemplará os assuntos necessários para dar os próximos passos. Nem sempre o que precisamos é o que queremos naquele momento, portanto, a paciência é um aliado fiel que permite fazer uma evoluir de forma constante e sólida.
Confiança em quem te ensina
A confiança nos seus professores é fundamental para sua evolução. Ter alguém com mais experiência naquele universo que você para te orientar é o grande diferencial para otimizar tanto o tempo quanto a qualidade da sua evolução. Durante os últimos 10 anos eu observei inúmeros casos de pessoas que simplesmente não conseguiam evoluir mais por estarem fechados aos ensinamentos não só dos movimentos mas, também da filosofia.
Uma das habilidades mais difíceis de serem refinadas é a propriocepção. É a plena noção da sua movimentação e as repercussões dela no seu corpo no corpo do seu par, no espaço e nas pessoas observantes (estética). É justamente por isso que a opinião externa é tão importante. Ter um professor com uma propriocepção avançada te informando de cada uma dessas repercussões ao dançar com você, bem como um olhar experiente de fora da dança observando seu desempenho tem um enorme valor. Não significa que sua percepção é invalida. Mas achar que a sua propriocepção menos treinada e inexperiente deve prevalecer pode significar uma longa estagnação.
Fórmula do dia a dia
Temos uma pequena fórmula bem simples. Cuidado, simples não significa ser fácil. Aplicá-la exige uma dedicação constante ao longo de alguns anos. Mas sem dúvida ela gera melhoras significativas e você consegue observar claramente sua evolução passo a passo ao longo do dias.
- Assista às aulas com atenção
– Aprender a fazer o movimento não é tudo
– Procure entender os recursos ensinados por trás de cada movimento, são eles que vão te ajudar a executar todos os outros movimentos durante a dança. - Procure colocar o que você aprendeu na aula em prática e só pare de focar sua atenção nisso no momento em que você conseguir executar aquele movimento ou recurso com praticamente qualquer pessoa.
- Caso tenha alguma dúvida não deixe de esclarecê-la com seus professores.
- Caso não esteja conseguindo fazer o movimento ou recurso com a maior parte das pessoas que você dança também peça para seus professores observarem e te orientarem a como melhorar sua técnica.
- Dance
Fazer estes 5 passos com frequência e consistência vão te garantir resultados muito expressivos. Outras dicas importantes:
- Varie ao máximo a quantidade e o nível de pessoas com quem você dança
- Assista as pessoas dançando sempre que puder ao vivo ou por meio de vídeos
- procure trabalhar uma coisa de cada vez para que fique bem trabalhada.
- Quando quiser um feedback pergunte coisas diretas e específicas e não coisas genéricas. Exemplos de boas perguntas:
- Meu braço está pesando?
- porque eu estou desequilibrando ao final dos giros?
- minha condução nos movimentos de 5 pisadas estão claras?
- Exemplos de péssimas perguntas:
- Me fala como eu estou dançando?
- Me fala o que eu preciso melhorar pro exame?
Autoconfiança
Ao passo que vamos caminhando e evoluindo, ouvindo e tentando colocar em prática o que foi instruído, vamos consolidando nossas habilidades, e solidificando nossa propriocepção. Cada recurso aprendido deve ser absorvido não só pelo corpo mas também pela mente. Quando compreendemos aquilo que estamos fazendo tudo começa a fazer sentido e a se encaixar. E quando nossa cabeça embasa com propriedade nossos movimentos desenvolvemos uma autoconfiança que te permite apresentar um alto nível técnico não importa a quantidade de pessoas te avaliando ou te observando.
Está aí a primeira entidade que deve te aprovar no exame. Você mesmo! Procure convencer a si mesmo que suas habilidades estão sólidas e que você faz cada movimento com plena consciência do que está fazendo. Se você ainda não tem essa segurança recorra à paciência e siga evoluindo para adquiri-la.
Seja pé Descalço
A segunda entidade a te ver como um vermelha tem que ser a comunidade do pé descalço. Os alunos iniciantes ou até mesmo seus colegas de preta avançada precisam te ver como alguém diferente, alguém que consegue dançar com todos os alunos, está presente nos eventos da escola, colabora com o dia a dia das unidades e dança nos espaços livres como se não houvesse amanhã. Alguém que modifica o ambiente da escola quando está presente, deixa a escola mais leve e animada ao mesmo tempo e cria nos demais alunos uma referencia e um exemplo.
Mas Raso, isso é exigir muito de alguém! Sim, ninguém esconde que o processo é pesado e só quem está apaixonado pela dança e pelo missão da escola consegue fazer isso de maneira natural. A vermelha é o colar da paixão e demanda uma conexão do aluno com a escola além da compreensão de quem vê de fora. Cada um cria seus próprios laços de identidade com a dança e com o pé descalço. É uma relação íntima de identificação, gratidão, responsabilidade e comprometimento.
Só assim podemos convencer a terceira e última entidade necessária: o grupo de examinadores. Só quando o sentimento ultrapassa a técnica, quando o significado da caminhada consegue ser extravasado através da dança sem fazer perder o controle é que o aluno se encontra em condições de se apresentar em frente à escola e transbordar a comunidade de emoção.
Ao meus companheiros vermelhas deixo o convite para deixarem comentários e mais dicas para que nossos queridos alunos possam atingir o tão sonhado colar vermelho.
A você que está no processo fico à disposição para responder qualquer dúvida a respeito do tema.
UM PEDACINHO DO MEU EXAME PRA VERMELHA E TODA A EMOÇÃO DESSE MOMENTO!!
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