DEVEMOS OU NÃO, DANÇAR NA PONTA DO PÉ?

Muita gente me pergunta sobra a importância e a necessidade de se usar a ponta do pé durante a dança. A resposta é bem simples e como tudo na vida existem prós e contras. Porém alguns cuidados devem ser tomados, principalmente por parte dos educadores, ao tratar do assunto.

Breve histórico

Acredita-se que a origem da ponta do pé veio do costume de se dançar de salto alto. Ambientes de dança de salão, costumavam ser ambientes de alta sofisticação social, portanto o uso do salto era uma prática comum. Muitas danças ainda utilizam deste aparato porém nem sempre é o calçado mais confortável nem o mais estável. Em algumas danças e comunidades o salto saiu porém a ponta ficou. Em diversas outras comunidades o uso da ponta passou a ser questionado e o uso da ponta passou a ser facultativo e muitas vezes desencorajado.

Estética

A estética não entra nem nas vantagens nem nas desvantagens. Estética é algo muito pessoal derivado dos nossos gostos pessoais e dos nossos costumes. Quando nos acostumamos a ver algo de um jeito, aquela maneira passa a ser a estética que mais nos agrada. Quando conhecemos um assunto mais a fundo, tendemos a achar mais agradável de ver, aquilo que sabemos que funciona melhor. Portanto fique à vontade para achar mais bonito, aquilo que você quiser.

Vantagens de usar a ponta.

1 – Reduz o atrito entre o pé e o piso.

Quase todas as danças a dois, têm, em abundância, movimentos em que o pé precisa deslizar no chão. Na maioria das vezes esse deslize é para acompanhar giros do corpo. É possível girar sem deslizar o pé no chão, porém essa prática reduz a amplitude das rotações pode gerar um grande estresse no tornozelo, no joelho e no quadril.

Uma vez que o deslize do pé é tão importante, precisamos primeiramente de dum calçado (ou um pé descalço, ou meias) que tenha uma boa relação de atrito com o chão. Se não deslizar nada você vai aos poucos machucando as articulações e perde amplitude para dançar. Se deslizar demais, perdemos a tração e não conseguimos nos deslocar com facilidade. É normal para dançarinos, ter uma pequena coleção de calçados, principalmente quem dança em vários locais com pisos diferentes.

Encontrada a relação saudável entre pé e piso, resta entender que quanto menos pontos de contato com o chão, mais facilmente o atrito será vencido, portanto a ponta do pé é ideal para os momentos em que precisamos girar. Em especial giros, longos e rápidos com um maior conforto e segurança para as articulações.

Existe também a possibilidade de fazer o giro com pouco atrito utilizando o calcanhar. Porém esta versão é bem menos comum e tem menos situações em que é uma boa técnica para se utilizar.

2 – Agilidade no arranque

Em danças que precisamos ter trocas de lado repentinas e uma dinâmica constante de aceleração e desaceleração, a ponta do pé se faz muito útil. Toda pisada que precisa ser utilizada como impulso para irmos para frente ganha eficiência se for feita com a ponta do pé.

Pisar na ponta do pé não nos permite balançar o corpo para trás, isso favorece a propulsão para frente. Ao pisar o pé todo no chão o balanço do corpo para trás ao encostarmos o calcanhar no chão, o que gera um enorme atraso.

3 – Regulação da altura

Podemos com certa facilidade alterar o quanto o calcanhar sai do chão ao ficarmos na ponta do pé. Essa extensão permite que nós nos adaptemos ao tamanho do nosso par. Para diferenças de altura muito grandes, a pessoa mais alta sempre pode flexionar um pouco mais os joelhos, para que o esforço da adaptação não seja apenas da pessoa mais baixa.

Várias danças prezam pela estabilidade da altura do corpo, em outras palavras não quicar. Deve-se, então, tomar cuidado para manter a altura da ponta que foi escolhida mais estável, e mesmo que a altura precise mudar dentro de uma mesma dança, fazer isto de forma mais gradual e controlada. Os casos de mudança abrupta da altura devem ser conscientes quando queremos fazer, de forma proposital, movimentos mais secos.

Desvantagens

1 – Estabilidade

Como já vimos no texto Equilíbrio e Transferência De Peso! Como Melhorar Sua Dança Toda De Uma Só Vez! , a área da base é um fator crucial para o equilíbrio. Portanto, ao ficarmos na ponta do pé, nós exigimos muito mais na nossa coordenação para conseguirmos manter a estabilidade.

2 – Estamina

Para quem está começando a dançar, manter a ponta por muito tempo é um grande desafio. É preciso tempo para construir a força e o condicionamento necessário para utilizar a ponta com o controle ideal. Mesmo para quem dança a muito tempo, manter a ponta por horas, em bailes ou outros eventos de dança, também é um desafio a ser vencido.

2 dicas para manter a estabilidade?

1 – Não dance com os joelhos esticados

Por mais que a área da base seja um fator chave no equilíbrio, a coordenação dos joelhos é a arma mais efetiva para controlar a posição do centro de gravidade (está confuso?, volte no texto mencionado 2 parágrafos acima). Dançar com joelhos esticados é abrir mão do controle e basicamente dançar em cima de pernas de pau.

2 – Não tenha medo de colocar o calcanhar no chão

Por mais que a sua dança e a sua comunidade use amplamente a ponta do pé, provavelmente existe uma infinidade de movimentos que são mais adequados se feitos com o pé todo no chão. E se você estiver perdendo o equilíbrio, é melhor descer suavemente da ponta e recuperar do que ter que dar uma passo indesejado para se restabelecer.

Cuidado dos educadores

Na minha carreira já encontrei inúmeras pessoas que defendem a ponta, ou o pé no chão de maneira cega. Aprenderam daquela maneira e aquilo virou uma verdade absoluta. Não há problema algum em ter uma opinião ou um posicionamento, desde que seja embasada por justificativas plausíveis.

Na comunidade que eu danço, a prática da ponta é incentivada muito cedo, e a falta de discussão sobre a sua real importância e suas vantagens, bloqueia a cabeça de muitos alunos. Muitos alunos acabam passando anos assumindo que colocar o calcanhar no chão é uma espécia de crime, e isso contribuiu para que eles limitassem a própria dança além de, provavelmente serem agente disseminadores do “culto” à ponta do pé.

Parece algo bobo porém esse tipo de descuidado com a informação, aliena e exclui. Existem várias pessoas que por, inúmeros motivos, não conseguem, ou tem um extremo desconforto em permanecer na ponta do pé. Estas pessoas podem ser incluídas na dança se entenderem que não dançar na ponta é totalmente possível.

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